segunda-feira, 22 de março de 2021

covid-19 x férias 2021

 Depois de muito tempo, aqui estou de volta! Em meu querido "diário" aberto. 

E por que eu voltei? Porque sempre voltamos para aquilo que é a nossa natureza. E a minha é escrever! Felizmente, ou não. Quem sou eu pra dizer? (Mas eu digo - é felizmente!).

Depois de tantas dúvidas, incertezas na vida, tropeços, escorregões e caídas de cara com a lama, metaforicamente, me formei. Fui pra festa, a última antes desta abestada pandemia que nos aflige há mais de um ano, já! E que peste! 

Neste finalzinho de mês de Março, já estou no meu segundo mês de férias, do segundo ano de residência em Pediatria - especialidade que escolhi fazer, e que, Graças a Deus, estou, sim, gostando! 

E, nestas férias, novamente como há um ano, não consegui viajar... resultado de uma pandemia que permanece sendo pandemia, e, para piorar, neste cenário, o Brasil está sendo o epicentro do coronavirus. Já fui vacinada, recebi as duas doses da coronavac. Porém fui a única da minha família, logo, meus pais e meus irmãos ainda não podem usufruir de uma imunidade artificial, o que os impede de cogitar viajarem comigo e, portanto, optei por não viajar sozinha. Tudo nesta vida é opção. E respeito pelo contexto em que minhas férias estão transcorrendo, com 3 mil mortes ao dia neste Brasil de meu Deus. 

Os Ânimos aqui em casa sempre foram, vez por outra, exaltados, mas pelo meu ver, a pandemia está piorando tudo. Diferentemente de mim, que optei por fazer plantões coringa durante as férias, tanto para fazer algo útil em meu tempo quanto para conseguir alguns trocados, minha família está vivendo entre as muralhas de nossos muros de casa. Exceto para atividades essenciais, ou para visitar algum parente pois a necessidade e a saudade gritam, sim, eles permanecem enclausurados. A saúde mental não é a mesma. E fica difícil cobrar alguma reação pois o cenária do país é caótico. Trabalhar como em uma pandemia, se você não for da área da saúde? Estão todos exaustos com tantas notícias pessimistas. 

Eu, confesso, não estou tão mal assim. Confesso que fecho meus olhos para alguns problemas. Não sou uma lata de lixo para internalizar cada porcaria que anunciam nos jornais. Foco no que está ao meu alcance de mudar : meus pensamentos; minhas ações; minha empatia com quem está ao meu lado. Não somos robôs. E nem tudo está perdido. Devemos, com calma, ir mudando o que se pode mudar, sem êxtase, sem precipitação. Um passo de cada vez, consegue-se percorrer um caminho. Só não esqueço que o pano de fundo não é favorável, e não minimizo a dor das familias que estão de luto. A humanidade está sofrendo, e eu abraço quem meus braços alcançam, desejando força para aqueles que estão longe. 

Logo as minhas férias irão terminar, e não sei de que forma poderia fazer melhor proveito dos meus dias. Sinto uma ansiedade para o que está por vir, sinto um medo, uma angústia. Há muito trabalho pela frente. Muitos plantões ainda em fins de semana, muita cobrança. Ainda vou falhar algumas vezes. Questiono-me como poderia viver melhor esta última semana ociosa que corre. Seria não pensando demais? Seria não pegando plantões extras? Sabe, dinheiro não é tudo, muito pelo contrário. O que move o mundo, e disso eu já tenho plena certeza, com todos os meus 25 anos, daqui a pouco 26, que papai do ceu me deu, é o amor, a fé e a esperança. Amor, fé, e esperança para conosco, para com os  demais e para com Deus ( ou a crença que você tenha). Somente o bom convívio é capaz de trazer mudanças, e alegria genuína. Meu trabalho, como médica, felizmente me ajuda a enxergar bem isso, me ajuda a aproveitar cada minuto que eu tenho com a minha família e me ajuda e ver que o Sol ainda brilha lá em cima, e que o céu continua azul, as estrelas brilhando, e a Terra gira, apesar das angústias a que somos postos. Portanto, da maneira que pudermos, que sigamos em frente. Seja enclausurados em casa, seja nos comunicando via internet (e ainda bem que temos este recurso), seja rezando. 

Sempre existe algo para agradecer. Não deixe que os problemas sejam maiores que a sua fé. 

Até logo! Um beijo!