Onde eu defino
O quando do término de algo?
Seria o último adeus? E se não houver adeus?
A última conversa? E se não houve última conversa?
O último olhar? E se não me lembro?
O último beijo? A última memória?
E se não sei quando termina
Posso considerar que terminou?
Mas afinal, o que tínhamos mesmo?
Eu conheci sua mãe. Eu soube do seu pai.
Falei oi pro seu irmão. Entrei na sua casa.
Mas não éramos namorados. Éramos então o que? Conhecidos?
Terminamos como desconhecidos
De algo que nunca aconteceu?
E as conversas que não tivemos
Ficaram subentendidas?
Isso não me soa bem
Fico querendo falar contigo
Penso e repenso em mandar um “oi”, vamos conversar
Sermos então amigos
Porque na sua vaidade, você era doce
Mas um doce que eu não sentia
Um doce que eu só admirava
Como uma pintura frágil de 500 anos
Que se tocar, se esvai
Um pergaminho valioso
Não soube te decifrar
E não sei se você se conhece
A sua indiferença me entristece
Talvez eu não te queira, afinal
Correr atrás do que nunca foi meu
Acho que pode me causar mal.