Hoje eu não tenho inspiração. Nem para mim, nem para você. Não tenho aspas. Não tenho vírgulas.
Hoje eu sou só ponto final.
Não quero versos, recuso estrofes.
Passo adiante rimas bem intencionadas.
Delimito metáforas. Substituo comparações.
Limitar-me-ei a palavras.
Palavras puras, beatas, cruas.
Palavras, só. Palavras.
Não sei o motivo.
Não quero procurar também.
Às vezes as palavras murcham.
Com razão, tão mal utilizadas por aí
Podem cansar-se de vez em quando.
Coitadas das palavras
Se eu fosse uma, agora mesmo
Iria pedir para não ser utilizada.
Ficaria calada. Cismada
Até entender o momento exato
Para o qual nasci
Pra ser utilizada
Uma vez falada, transbordaria
As margens de uma palavra
E tornaria real
Cada letra do meu corpo, inflamada.
Como não sou palavra
Ainda acho que em nenhuma frase
Sirvo pra ser configurada.
Sigo calada,
São os meus dedos que cismam
Em digitar palavras.
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