sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Azul e alma

 Hoje eu estou me sentindo insuficiente. 

Hoje eu estou num paradigma. 

Como se estivesse sobre um penhasco, encarando-o. Sou eu quem o encara ou ele que encara a mim? 

Eu afundo nele ou ele se afunda em mim? 

É o oceano do solo que reflete em meus olhos ou sou eu que reflito nele? 

Não sei o que faço. Não sei o que sinto. 

Se pulo pro penhasco, ou o deixo devotar-me. Não seriam ambos a mesma coisa? Pra quê encaro esse penhasco, se sei que não posso confrontá-lo? Se suas muralhas são infinitamente mais sólidas do que meus músculos? Minhas razões e meus motivos? 

Continuo a encará-lo. Não sei por que sou, por que estou. Mas fico. 

As minhas convicções são maiores que as minhas certezas. Por elas eu luto. 

E são elas que me convencem que há um motivo para estar. 

Mas sabe.

Talvez eu não quisesse convicção. Apenas queria ser o oceano. Ali, tranquilo, convivendo e abraçando o abismo, que faz dele até obra de arte, num azul profundo e calmo. 

Eu sou profunda e alma. 

Me deito e olho o azul do céu. Que me abraça. 

E me desfaço em certezas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário