sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Tudo como nós

  1. Somos treinados para sermos submissos. Submissos às ordens, aos adultos, aos mais velhos. Tudo isso nos cria uma baixa estima quando somos crianças que é o suficiente para nos manter civilizados o resto da vida, tendo os nossos medos e dúvidas como limites próprios. Não obstante, ao crescermos e ternos nossa tão sonhada liberdade, longe das coleiras que a imaturidade e inexperiência nos obrigam, somos apunhalados pela sociedade,que têm intrínsecos a si toda a carga ideógica, moral, preconceitos e entraves. Não pedimos, mas somos impostos à lei, ao sistema, às normas em prol da possibilidade de uma convivência harmonioza. Ok. Até aí tudo bem.
  2. Contudo, você quer mesmo vir até mim pra dizer que não está tudo bem contigo?  Você ainda consegue carregar algum peso com a ideia de que há alguma coisa errado em você não se encaixar nos padrões modernos? Você se culpa por não aguentar, em algum momento, a pressão a que foi exposto? Ainda pensa que há alguma chance de ser considerado normal?
  3. Pode apostar que você está bastante enganado. É bem difícil alguém no meio desta correria doida estar realmente normal. Porque o nosso normal não é o normal aqui estabelecido. O normal da atualidade é um normal, talvez, para um super-homem ou workaholic por natureza. Não você. E então, com toda essa carga amontoada e todo o resto que se acumulam dos dias anteriores, falta a você se lamentar porque é incapaz que dar conta dos compromissos ou engolir e sorrir um sorriso torto mesmo, saindo bem na foto - afinal estamos na era da aparência. 
  4. E aí, você realmente se surpreende? Realmente ainda não sabe em quê você errou? Deixa eu te explicar então: você fez tudo direito. Foram eles que te erraram.

domingo, 26 de outubro de 2014

Sobre hoje, 26/10/2014

           Senpre que eu me sinto mal, estressada, com vontade de esfriar a cabeça..., recorro ao meu celular. Ligo-o e me desligo do resto em volta. Rio sozinha, deslizo os dedos sobre a tela, revejo pessoas queridas, falo com algumas, mas procuro não me pronunciar muito com ninguém, pois a possibilidade de eu ter que ficar à mercê de uma resposta qualquer da outra parte, caso ela peça pra que eu a espere para que vá escovar os dentes, se ela simplesmente some após eu ter feito uma pergunta,  etc, são exemplos daquilo que eu julgo como perda de tempo. De fato, não é agradável ficar à frente de uma tela esperando, sem garantias de que o outro indivíduo leu a sua msg, uma resposta da outra parte. Diferentemente, numa conversa sem qualquer tipo de tecnologia intermediando-a, o intervalo de tempo entre as perguntas e respostas são bem menores e eles não são perdidos, mas vivenciados, vividos, degustados, aproveitados. O vento que passa, o calor que pinga, o Sol que bate, a gargalhada compartilhada e os pingos de saliva a que temos que nos desviar. O cheiro do perfume, as mãos suadas, a obrigação de ter que aturar o outro sem poder dizer que a bateria acabara, e desligar a fala, abaixar o volume da voz, volocar no silencioso. Ao contrário: a voz grita, vibra , cala e fala ao mesmo tempo.

            Acho que ficamos mais inflexíveis. Tudo tão definido, premeditado, organizado, mesquinho. Somos treinados para ter medo da opinião alheia, para seguirmos regras, para nos adequarmos, para fazermos juz à nossa educação que aliena mais do que constrói. Somos obrigados a nos padronizar, seguir um fruxo unidirecional e dito racional, como se apenas pelo fato de estarmos vivendo numa época capitalista a ganància, o egoísmo, a corrupção, a indiferença, o desconsolo  fossem justificáveis. Não penso que são.

           Ultimamente, principalmente  por causa das eleições que passaram, tenho clara a ideia de que para vivermos bem precisamos  adotar uma ideologia, caso contrário, estaremos sujeitos a corrrentes de opinião tão opostas como persuasivas.  Não somos fruto do meio se não quiser os, mas isso exige sacrifícios e a tal da ideologia. Reconhecer que x é melhor do que y sob tais aspectos mas que, ainda assim, você vai sair perdendo,  requer de você uma maturidade de senso crítico e sabedoria para optar por um ou outro na hora de votar. E reconheço que questões como eleger  o melhor candidato são tão subjetivas como geram divergências de opiniões que não se encontrarão, pois os pontos de vista são completamente diferentes. Nunca tinha visto o povo discutir tanto de política como neste ano, seja na van, nas redes sociais, no ônibus, nas ruas, nas escolas. Isto me impressionou bastante, mas não fiquei muito feliz por isso, nem mesmo triste, porque nenhum dos governos atuais satisfaz os meus anseios.

          No fim, apesar de tudo, apesar de você, apesar da TV, das informações, dos debates, continua ruim. Para alguns, menos ruim. Que bom.

       

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Carta pra você

Definitivamente
Não é uma palavra muito romântica
Para se começar um texto
Destinado a você
O problema é que, definitivamente
Homens não entendem as mulheres!

A partir de hoje deixarei bem claro
Tudo que eu disser ao meu garoto
Pois eles bebem pra ficar loucos
E eu bebo para me calar.

Loucas mulheres simplesmente
Declamam o que vem a sua mente
E degringolam a conversar
Homens se calam pra falar.

Nós, mulheris, queremos sempre
Apenas trocar umas palavras
Como pretexto pro presente
Pra sentirmo-nos mais viventes.

Eles tomam ao pé da letra
Não entendem, se embolam,
E a gente repete, mas sente
Que a besteira já soou fora.

Nós sorrimos pra esparecer
Vocês, pelas piadas momentâneas
A gente voa o tempo inteiro
Vocês planejam a viagem.

Nós ficamos ao seu lado
Por uma questão de afinidade
Vocês é só por vaidade
Que tem validade
Tem validade
Validade
Idade
Dade
De
E.







sábado, 30 de agosto de 2014

Receita

Hoje eu desci do meu quarto e fui até a cozinha, guiada por um rastro de odor de bolo sendo preparado. Mais que isso - bolo de cenoura, meu predileto. Mas mãe, o que é isso, que empolgação e autonomia são essas? De onde surgiu esses ingredientes em cima da mesa? A farinha, os ovos, a xícara de óleo? Você nunca soube preparar o meu bolo de cor!
Mas, sim, algo mudou!
Se hoje o bolo está no forno, ontem ele estava na vizinha aqui do lado, na dona Maria, senhoria simpática que adora xingar as coisas e costurar. O bolo estava lá, escrito à mão, num papel amarelado de caderno escolar. Eu nos meus 6 anos ia até lá e pegava o papel, para que enfim o bolo fosse feito. E que bolo! Mesmo que solado, uma delícia! Até a calda tava na receita. Aquele era o meu bolo de cenoura e da minha mãe e da dona Maria.
Mas neste dia de hoje as circunstâncias têm sido diferentes. Não tem mais papel amarelado, receita de calda. O que tem é celular, internet, receitas repetidas de anônimos. E tem bolo também.
O bolo já está pronto, ainda no forno, e eu vou fazer a calda. Vai ser de brigadeiro. É a melhor!
Mas essa receita eu peguei da dona Maria e gravei pra não esquecer mais. Já fiz brigadeiro pra minhas tias, minha avó, minhas amigas. Já cobri um bolo ruim de padaria com meu chocolate e o bolo ficou bom, daí cantamos parabéns. Mas não enrolo - dá muito trabalho, e a mão fica toda melecada de manteiga.
Por fim, o bolo foi comido. Ainda quente, com mais cobertura que outra coisa. Dei a raspa da lata de leite moça pra minha irmã. Toda criança deve ter o direito de raspar a lata! Antigamente eu não conseguia deixar de comer, hoje eu consigo. É interessante, a gente vai aprendendo a se dar as rédeas e se rende a elas mesmo! O problema é quando "esquecemos" de afrouxá-las.
Poxa, hoje as receitas estão na internet, já nem vou mais à vizinha. Não tem aquela mágica. Untar a forma é normal.
Aiai... E o bolo nem solou! Não é por nada, juro, só acho que vou escrever essa receita numa folha de fichário e mandá-la correndo pra dona Maria qualquer dia desses.

sábado, 21 de junho de 2014

Diário de uma jovem estressada

Não sei se "estressada" seria a palavra ideal. Pra agora, tenho certeza que sim, seria a palavra que eu não colocaria. Porque acabei de chegar de uma festa, e boa. Tudo muito bom, tudo ótimo. E eu me encontrei com eu mesma no passado.
Quando você enxerga que você está ficando muito repetitiva, a tendência é mudar. Mas e se você não enxerga nada? Você não vê, você não muda. Você não corrige, mas você também não piora. Afinal de contas, se "não se mexe em time que está ganhando", e depois ele começar a ser goleado no último minuto da partida, esse ditado é falho. Então mudar ou não não é questão de ficar melhor ou pior... você fica igual, mas porque e simplesmente porque não parou pra pensar se mudava ou não, se estava ou não ganhando, simplesmente porque não parou pra pensar nisso.

Sabe, se um dia eu tiver uma filha, e se ela pedir minha opinião, direi pra ela fazer uma festa de quinze anos. Uma festa do jeito que ela quiser, com ou sem cerimonial, com ou sem choro, grande ou pequena, lotada ou só pra família (= lotada). Sabe por quê? Porque eu já tenho dezenove anos e não fiz uma festa de quinze. Mas e daí? E daí que aquela era a minha época, e eu não sei se isso acontece com todo mundo, creio que não. Mas se comigo aconteceu, digo que a minha época já passou. Nossa, dezenove anos! Sim, não é mais como antes. O mundo não é tão meu quanto já fora. E é nisso que se baseia uma festa de quinze anos. Em alguns casos, como foi o de hoje, na festa em que estive, a festa de quinze anos pode representar a lembrança, em álbum diagramado e vídeo, daquela época banhada a ouro. Todos nós nascemos banhados a ouro. Toda criança é uma dádiva. Hoje, na pista de dança, a mais nova da festa desfilava com seu vestidinho novo, prestigiando a banda que cantava todas as músicas animadas possíveis, como Titanium, do David Gueta, até Show das Poderosas, da Anita, e apenas ela, mais ninguém. Não culpo os outros, não. Também estive sentada todo esse momento, então também deveria me culpar. No meu caso, a culpa era que eu não conhecia ninguém e também do salto alto. Mas quem sabe ali haveria muto mais gente que não conhecia ninguém (o que, ok, é uma inverdade, pois tratava-se de família) ou mesmo todas estavam incomodadas com seus saltos altos. Mas e os homens, hein? Cadê os homens? Ah sim, eles dependem das mulheres para dançar.

Os adolescentes, junto com a aniversariante, se trancafiaram num quartinho e ficaram ali isolados do resto da festa dançando. O mundinho deles, quase literalmente. Mas eu não entrei lá. Tinham todos uns quinze anos. E eu não conhecia ninguém. E eu estava com a cabeça em outro mundo.

Então. Caramba.... uma festa de quinze anos! Eu, com quinze anos, era outra pessoa. Uma menina, linda, com um potencial incrível, uma beleza inerente, uma leveza intrínseca. Dons de todo jovem.

...Dizem que quando se envelhece a pessoa vira criança de novo. Não sei bem isso, não... Talvez sejam as mulheres que, com as pernas exaustas, retiram seus saltos e vão para a pista de dança.
Será que elas descobrem que este mundão é, na verdade, o seu novo mundinho? Não sei, meu Deus.... Não sei nada.

93 Million Miles

As pessoas se esquecem Que ainda que haja cem mil pessoas Que gostam de um mesmo vídeo Na internet Cada uma delas guardará muitas diferenças Que abrirão parênteses Para mil modos diferentes de interpretação. Por isso, ainda que mil pessoas chorem Haverá mil choros diferentes. Ainda que mil pessoas aplaudam Haverá mil aplausos diferentes. Então seja você mesmo Porque de um jeito ou de outro Você pode até guardá-los Mas os motivos os quais te movem Permanecerão moldando você. ;)

Música: 93 Million Miles

93 Million Miles
93 million miles from the sun
People get ready, get ready
Cause here it comes, it's a light
A beautiful light, over the horizon
Into our eyes
Oh, my, my, how beautiful
Oh, my beautiful mother
She told me, son, in life you're gonna go far
If you do it right, you'll love where you are
Just know, wherever you go
You can always come home

240 thousand miles from the moon
We've come a long way to belong here
To share this view of the night
A glorious night
Over the horizon is another bright sky
Oh, my, my, how beautiful
Oh, my irrefutable father
He told me, son, sometimes it may seem dark
But the absence of the light is a necessary part
Just know, you're never alone
You can always come back home
Home
Home
You can always come back

Every road is a slippery slope
But there is always a hand that you can hold on to
Looking deeper through the telescope
You can see that your home's inside of you

Just know, that wherever you go
No, you're never alone
You will always get back home
Home
Home

93 million miles from the sun
People get ready, get ready
Cause here it comes, it's a light
A beautiful light, over the horizon
Into our eyes
93 Milhões de Milhas
A 93 milhões de milhas do Sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos
Oh, minha nossa, que lindo
Oh, minha bela mãe
Ela me disse, filho, você irá longe na vida
Se fizer tudo direito, amará o lugar onde estiver
Apenas tenha certeza de que onde quer que vá
Você sempre poderá voltar para casa

A 240 mil milhas da Lua
Percorremos uma longa distância para pertencer a esse lugar
Para compartilhar essa vista da noite
Uma noite gloriosa
Além do horizonte há outro céu brilhante
Oh, minha nossa, que lindo
Oh, meu pai irrefutável
Ele me disse, filho, às vezes, pode parecer escuro
Mas a ausência da luz é uma parte necessária
Apenas tenha certeza de que você nunca está sozinho
Você sempre poderá voltar para casa
Casa
Casa
Você sempre pode voltar

Toda estrada que é uma subida escorregadia
Mas sempre há uma mão na qual você pode se segurar
Olhando profundamente pelo telescópio
Você pode perceber que seu lar está dentro de você

Apenas tenha certeza de que onde quer que você vá
Não, você nunca está sozinho
Você sempre voltará para casa
Casa
Casa

A 93 milhões de milhas do Sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos




Link: http://www.vagalume.com.br/jason-mraz/93-million-miles-traducao.html#ixzz35LAdPAyc

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Poema do Amor Incondicional

Algumas pessoas sofrem.
Algumas pessoas riem.
Algumas pessoas, ainda, sobrevivem.
Mas há ainda aquelas que esperam.

Ainda que inconscientemente,
Ainda que desesperadamente,
Esperam insaciavelmente,
Debruçadamente 
Numa murera de sonhos e paixão.

Ó, se estas pessoas assim soubessem
Que à falta delas o mundo perece...
Pois elas resistem em se esconder
E nem eu, nem ele, nem elas sabem o porquê.

Talvez seja o aconchego do infinito
Que esta mureta lhe proporciona
E, certa de que não a abandona
Se torna concreto e se imobiliza.

E, assim, tão certa de que a vista é branda
Eu permaneço ao meio dividida
À mureta, sul, à minha vista, norte
Com medo de pisar em falso neste precipício
Que é o amor, talvez a sorte, quem sabe a morte.