sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Fonte do amor

É difícil amar. O amor não é uma coisa boba, não é fácil praticar.
Mais difícil é porque temos um tipo de reservatório de amor. É possível que tenhamos muito para dar, mas é porque um dia muito recebemos, e ainda estamos a receber. Se você não tem amor pra dar, ou se você não sabe muito bem o que é isso, é provável que lhe falte amor também.
Amor não é perfeição, não é luxo, não é. Amor é o modo como levamos a vida, como lidamos com os problemas, como superamos os diversos obstáculos. Amar é sentir dor com um motivo para isso, e sofrer de um modo direcionado, assim, nem tudo lhe causará tanta dor, pois você está um pouco anestesiado pelas maiores dores que o amor carrega consigo. 
Amor é abrir mão de sonhos, de conquistas, para cuidar dos sonhos de outra pessoa. Amar é perder a direção, redirecionar o foco, ou ao menos postergar seus próprios anseios, para ansiar o anseio do amado. 
Ademais, o amor é paciente. Isso porque não há escuta apressada, não há uma boa resposta sem escuta, e não há uma boa resposta sem uma reflexão adequada. O amor é exigente, é preciso doação de ambas as partes para que ele seja maior e aja mais profundamente nos corações.
O amor tem muitas habilidades. Ele atua nos gestos mais sutis, nos olhares, na calma, nas respostas, no silêncio, no tempo, na perseverança, no chamado, no bater nas costas, no afago, na ajuda, na espera. O amor espera bastante, é paciente, espera sem que peçam para esperar, ele fica ali, observando, esperando, que até te surpreende. O amor faz coisas importantes mesmo sem que você entenda a importância do que ele faz. 
Para amar, é preciso estar disponível. Para ser amado, também. O engraçado é que o amor não exclui outros sentimentos: raiva. Desapontamento, frustração, que aparentemente são antagônicos. Mas não são. Antagônico ao amor é o rancor, que apesar de rimarem entre si, não têm nada a ver um com o outro. 
A ausência do amor deixa tudo muito frouxo. Todas as vezes que digo amor, aqui, não é de namorados, noivos, casados, mas o amor humano natural, intrínseco da nossa espécie. O amor dos pais pelos filhos. Dos irmãos, dos netos pelos avós. Mas, muitas vezes, esse amor fica escasso. Nossa fonte principal nem sempre está tão farta. E quanto menos recebemos amor, vamos doando menos, e recebendo menos, e dando menos, e quanto menos se dá, menos se recebe. Olhe: quando se sorri sinceramente, quase sempre sorriem de volta. Quando se chega abraçando sinceramente, é bom que abracem de volta. Quando somos bem acolhidos de manhã, nosso bom dia é mais animado. Pessoas recíprocas dão sentido ao nosso dia a dia... Não importa se é só por um segundo! Aquele segundo de cumprimentar ou de aperto de mãos. Alguns segundos alimentam  um dia inteiro (Mesmo que o resto da conversa seja uma perda de tempo ou chata). Que possamos aprender a conversar mais, a nos apoiar, pois o amor sozinho não se sustenta, e se todas as fontes secarem, onde buscaremos sentido no nosso dia a dia?

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