Suas vontades são livres como um pássaro
Não existe coleira que o sufoque
E quando decidir voar
Que não voe, decole
As magias desta vida
Acontecem sem nosso consentimento
E por não estar preparado
Cuidado pra não cair no esquecimento
Suas palavras são as mais bonitas
O seu choro é o mais sincero
De verdade, saiba que você
É tudo que eu mais quero
Talvez eu não saiba onde estou pisando
Pois eu não sabia que era verdade
Que um amor pode magoar
Agora eu sei, já era tarde
O pior disso tudo
É que não vivi o que era pra viver
E existe um espaço no meu livro
Uma figurinha não colada
E essa figura é você.
Eu vou rasgar esta página
E vou renumerar o álbum
Mas no fundo a gente fica sabendo
O que era pra estar acontecendo.
Vamos adiante, a vida é um diamante
Tem várias faces e eu vou contorná-lo
Há brilho em todas as direções
Assim como em cada dia se criam mais canções.
Estou cansada de ouvir sertanejo
Mas a verdade é que nele eu te vejo
É como o Sol que se põe no horizonte
Mas ele volta tal como se esconde
E como o Sol que volta a assumir
Eu tive a oportunidade de te rever
Sozinhos, berramos toda a noite
Você disse que a culpa é minha
Que eu deixei a desejar e muito
E que eu não tenho atitude
E eu digo: sim, tem razão
Naquele momento, não
Mas somos dois em momentos diferentes
E se o acaso não permitiu
É porque algo deveria ser diferente
Vê se entende
Tem horas que a gente está no controle
Em outras, a gente só está presente
E naquelas horas estava direto no pelo
Do cavalo da vida, sem cordas, nem zelo.
E eu criei a oportunidade
Mas ela não me criou
Isso parece infame, e é
Eu olhando pra ela, e ela, não me quer
Sem sela, sem rédeas, eu escorreguei
Caí da oportunidade que eu criei.
Qualquer coisa que vem à minha cabeça. Aqui, você pode encontrar desde uma obra prima até uma obra. Bem vindo e retire os sapatos! Você está entrando nos meus pensamentos. Uhauhauhahuah
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Fica do meu lado
Não é um pedido muito louco
E até parece fácil realizar
Se achegue para mais perto de Minh 'alma
E vamos o dia inteiro conversar
Conversa implica nos dois discutindo
Um assunto de interesse comum
Mas neste caso, a conversa é orgânica
Tal como os pássaros a voar no azul
Olhos nos olhos, meço por quanto tempo
Você aguenta ser amado por mim
Se no silêncio você me orienta
Na confusão vê o todo de mim
Na dor, no desencontro e inesperado
Quando despido de arrogância ingênua
Nos vemos firmes como uma rocha
Ainda que livres como bicho alado
Sobrevoando nossas dores, pobres
Nos elevamos de plebeus a nobres
E confiscamos o poder de pensar
Que dor não tem poder de derrubar
E continuamos firmes, e insensíveis
Pois a dor que antes era nova e machucava
É a mesma, porém não está cansada
Como nós nos cansamos para anulá-la
E neste misto de insucesso e conformismo
Deixamos de combater os indícios
De uma dor quase como um afago
Que diz: "você está tentando, meu caro!"
E vamos nos acostumando a isso
Achando que a dor constitui um vício
Como um lembrete do que tem que fazer
Vai trabalhar, vai voltar, vai comer!
E assim deixo de pensar ativamente
Pois TVs, revistas, pensam pra gente.
Remoendo os dias, recontando os passos
Do nada lembro de dias passados.
Quando a dor que doía era combatida
Quando a alegria era ativamente vivida
E os obstáculos serviam pra estimular
A começar mais cedo o meu buscar.
E então devemos voltar duas casas
E repensar nosso propósito aqui
Somos mais fortes que a mais dura rocha
E mais criativos que possa-se assumir
E se não pela força, pelo jeito
Vamos abrindo caminho neste gueto
Desviando habilmente de todas as previsões
De fracasso, desespero e aflições.
Vamos subindo no degrau da vida
E quando se sobe, não se quer voltar
Pois tudo que se aprende, fica
E seu esforço é habilidade adquirida
E vamos caminhando daqui pra frente
Aceitando que a dor que a gente sente
Não é mais que projeções da mente
E um amigo bom pode aliviar
Então deixa eu pedir uma coisa
E até parece fácil realizar
Se achegue para mais perto de Minh 'alma
E vamos o dia inteiro conversar!
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
O segredo da vida
O maior segredo da vida é este: não ficar se comparando com os outros.
Não adianta se comparar por atitudes, pensamentos, por vestimentas, por realizações, por feitos, por economias, por religião, por família.
O que eu penso que é válido comparar são sonhos. Pois não há grade nem mesmo eletrocutada que te impeça de sonhar tão grande quanto qualquer sonho majestoso. Sonhar requer apenas imaginação e um senso de possibilidade individual. Mas, ainda assim, muitos fatores influenciam. Deve ser difícil sonhar grande quando se é, por exemplo, criança e não há acesso a informação devido à ausência de energia elétrica ou quando não se sabe ler. Deve ser difícil sonhar grande, também, quando a família não tem uma boa estrutura.
Comparação. As guerras começaram comparando-se. As pessoas sempre querem mais, ou tanto quanto os que podem ter.
Não comparar, mas acho que avaliar é saudável. Avaliar os comportamentos, as atitudes, as falas, para se chegar a uma conclusão e ir construindo sua identidade. Às vezes, corremos o risco de nos desconstruirmos querendo passar por outra pessoa, quando sermos nós mesmos é a chave para a auto realização. É preciso ter muito discernimento e auto confiança para saber com clareza aonde se quer chegar e por que meios. Reconhecer suas fraquezas e seus méritos. E chorar e comemorar os erros e acertos. Pois isso é dar passos. É crescer.
Comparando-se com alguém sempre, corre-se o risco de se satisfazer em relação a uma meta quando, quem sabe, sua meta era outra, e você poderia ter alcançado um patamar muito mais alto, ficaria mais realizado e com a sensação de missão cumprida. Não é fácil. Há muitos obstáculos, somados aos que não existem e criamos em nossas cabeças. Por isso eu digo: se compare a você mesmo. Se compare ao seu antes e depois. Visualize seus ganhos e perdas e coloque na balança da vida. Encontre seu equilíbrio. Valorize-se. Não se subestime. Invista na sua própria capacidade independente dos méritos dos outros. Quem sabe devagar você vai ainda mais longe. Não se afobe. Utilize sua energia em pontos que você sabe que vai aproveitar. Plante no terreno em que você é mais fértil. Semeie experiências que agregarão conteúdo a quem você é. Agarre desafios. Crie lembranças. Costure memórias, lance-se em aventuras cotidianas mas relevantes. Cultive-se. Vá pelo seu próprio caminho ainda que seja mais longo, mas é mais bonito, porque é seu.
Crie-se e recrie-se e saiba valorizar cada feito. Sua história depende de você e para um novo livro que está sendo escrito, não existe história comparável a que será a sua. ;)
Não adianta se comparar por atitudes, pensamentos, por vestimentas, por realizações, por feitos, por economias, por religião, por família.
O que eu penso que é válido comparar são sonhos. Pois não há grade nem mesmo eletrocutada que te impeça de sonhar tão grande quanto qualquer sonho majestoso. Sonhar requer apenas imaginação e um senso de possibilidade individual. Mas, ainda assim, muitos fatores influenciam. Deve ser difícil sonhar grande quando se é, por exemplo, criança e não há acesso a informação devido à ausência de energia elétrica ou quando não se sabe ler. Deve ser difícil sonhar grande, também, quando a família não tem uma boa estrutura.
Comparação. As guerras começaram comparando-se. As pessoas sempre querem mais, ou tanto quanto os que podem ter.
Não comparar, mas acho que avaliar é saudável. Avaliar os comportamentos, as atitudes, as falas, para se chegar a uma conclusão e ir construindo sua identidade. Às vezes, corremos o risco de nos desconstruirmos querendo passar por outra pessoa, quando sermos nós mesmos é a chave para a auto realização. É preciso ter muito discernimento e auto confiança para saber com clareza aonde se quer chegar e por que meios. Reconhecer suas fraquezas e seus méritos. E chorar e comemorar os erros e acertos. Pois isso é dar passos. É crescer.
Comparando-se com alguém sempre, corre-se o risco de se satisfazer em relação a uma meta quando, quem sabe, sua meta era outra, e você poderia ter alcançado um patamar muito mais alto, ficaria mais realizado e com a sensação de missão cumprida. Não é fácil. Há muitos obstáculos, somados aos que não existem e criamos em nossas cabeças. Por isso eu digo: se compare a você mesmo. Se compare ao seu antes e depois. Visualize seus ganhos e perdas e coloque na balança da vida. Encontre seu equilíbrio. Valorize-se. Não se subestime. Invista na sua própria capacidade independente dos méritos dos outros. Quem sabe devagar você vai ainda mais longe. Não se afobe. Utilize sua energia em pontos que você sabe que vai aproveitar. Plante no terreno em que você é mais fértil. Semeie experiências que agregarão conteúdo a quem você é. Agarre desafios. Crie lembranças. Costure memórias, lance-se em aventuras cotidianas mas relevantes. Cultive-se. Vá pelo seu próprio caminho ainda que seja mais longo, mas é mais bonito, porque é seu.
Crie-se e recrie-se e saiba valorizar cada feito. Sua história depende de você e para um novo livro que está sendo escrito, não existe história comparável a que será a sua. ;)
domingo, 20 de novembro de 2016
Escritores em pauta.
Tenho um livro aqui em casa
Que fala com esmero sobre as maiores dúvidas dessa vida
E a dúvida por trás das dúvidas
E diz sobre a decepção quando se conhece
A verdade que por sobre nossas cabeças plainava.
Venho procurando por ele por um bom tempo. Já quis postar nas redes sociais suas falas. Já quis relê-lo em alguns momentos da vida. Já quis relembrar as frases de um autor e tanto - Carlos Drummond de Andrade - porém, sem acha-lo, não li, não relembrei.
Esforço-me a todo o custo para que as frases polidas e de contornos precisos não se percam como o livro se perdeu. Já não lembro seu nome. Ele anda por aqui, quem sabe perto de mim, quem sabe algum sortudo insensível levou pra casa e finge esquecimento.
Neste livro escritos diziam assim: "Como seu doce, menina! Come que não há mais metafísica neste mundo que chocolates! Como, pequena!"
Também havia o dono da Tabacaria.
Também havia todo o gráfico do livro que era muito singular e dava mais forma ainda às palavras.
Certos autores são verdadeiros médicos de palavras. Alguns necessariamente nascem pra isso e talvez necessariamente nasçam para várias outras coisas também, pois somos feitos de várias pessoas ao longo de vários "eus". Escrever obras de forma tão prodigiosa requer do seu dono um senso de autonomia e controle do abstrato que ele deve domar sua criatividade de modo a moldar o corpo de um texto que ainda não tem forma, que pode seguir todos os caminhos possíveis e inimagináveis, mas com os contornos que seu inventor determina. Se o contorno for longe demais, a obra fica desmanchada, não cria forma, perde o ritmo. Se o contorno for muito breve, fica raso, talvez obscuro, incompleto, como uma pessoa que não decidiu o quer ser. Autores renomados e reconhecidos pelo público são artistas e devem ser pessoas que detêm o controle de suas mentes e suas vidas, a menos que o descontrole de suas vidas seja o roteiro para novas obras primas. Veja a história de J. K. Rowling. Ah, que imaginação, que controle do enredo, que magia! Adoraria ter fôlego para não perder as pontas que fazem a renda de uma história longa e complexa. Mas eu, com as poucas pontas que seguro da minha faculdade, por vezes deixo-as escapar, imagine!
Crônicas, por sua vez, são mais fáceis de serem manejadas, são menos complexas, embora por vez tão intrigantes! Também é prodigioso ser capaz de escrever histórias breves e em pouco tempo conseguir fazer o leitor tragar a trama e fazê-la sensacional, comovente e cômica.
Para mim, fazer o leitor chorar é estupendo, mas fazê-los gargalhar é ainda mais desafiador! São tantos sensos de humor que é impossível agradar a todos, porém não consigo imaginar como alguém consegue prender a atenção do outro a ponto de tornar uma situação engraçada. Poucos foram os livros que li e sorri, mas esses valem a pena. Já o choro é fruto de uma construção gradativa, um laço que vc constrói entre leitor e personagens. É uma questão de técnica e prática, experiência, persistência.
Por fim, de fato, autores são doutores artistas. Essa mescla de profissão que examina o texto ao mesmo tempo que poli e dá forma.
Como um doutor, mas sendo autor, pode ir, está tudo bem, mas agora o personagem é invertido: você aperta minha mão e eu que vou saindo. Foi um prazer, conto contigo! E chame para que eu possa apresentar mais tarde meu próximo livro.
Que fala com esmero sobre as maiores dúvidas dessa vida
E a dúvida por trás das dúvidas
E diz sobre a decepção quando se conhece
A verdade que por sobre nossas cabeças plainava.
Venho procurando por ele por um bom tempo. Já quis postar nas redes sociais suas falas. Já quis relê-lo em alguns momentos da vida. Já quis relembrar as frases de um autor e tanto - Carlos Drummond de Andrade - porém, sem acha-lo, não li, não relembrei.
Esforço-me a todo o custo para que as frases polidas e de contornos precisos não se percam como o livro se perdeu. Já não lembro seu nome. Ele anda por aqui, quem sabe perto de mim, quem sabe algum sortudo insensível levou pra casa e finge esquecimento.
Neste livro escritos diziam assim: "Como seu doce, menina! Come que não há mais metafísica neste mundo que chocolates! Como, pequena!"
Também havia o dono da Tabacaria.
Também havia todo o gráfico do livro que era muito singular e dava mais forma ainda às palavras.
Certos autores são verdadeiros médicos de palavras. Alguns necessariamente nascem pra isso e talvez necessariamente nasçam para várias outras coisas também, pois somos feitos de várias pessoas ao longo de vários "eus". Escrever obras de forma tão prodigiosa requer do seu dono um senso de autonomia e controle do abstrato que ele deve domar sua criatividade de modo a moldar o corpo de um texto que ainda não tem forma, que pode seguir todos os caminhos possíveis e inimagináveis, mas com os contornos que seu inventor determina. Se o contorno for longe demais, a obra fica desmanchada, não cria forma, perde o ritmo. Se o contorno for muito breve, fica raso, talvez obscuro, incompleto, como uma pessoa que não decidiu o quer ser. Autores renomados e reconhecidos pelo público são artistas e devem ser pessoas que detêm o controle de suas mentes e suas vidas, a menos que o descontrole de suas vidas seja o roteiro para novas obras primas. Veja a história de J. K. Rowling. Ah, que imaginação, que controle do enredo, que magia! Adoraria ter fôlego para não perder as pontas que fazem a renda de uma história longa e complexa. Mas eu, com as poucas pontas que seguro da minha faculdade, por vezes deixo-as escapar, imagine!
Crônicas, por sua vez, são mais fáceis de serem manejadas, são menos complexas, embora por vez tão intrigantes! Também é prodigioso ser capaz de escrever histórias breves e em pouco tempo conseguir fazer o leitor tragar a trama e fazê-la sensacional, comovente e cômica.
Para mim, fazer o leitor chorar é estupendo, mas fazê-los gargalhar é ainda mais desafiador! São tantos sensos de humor que é impossível agradar a todos, porém não consigo imaginar como alguém consegue prender a atenção do outro a ponto de tornar uma situação engraçada. Poucos foram os livros que li e sorri, mas esses valem a pena. Já o choro é fruto de uma construção gradativa, um laço que vc constrói entre leitor e personagens. É uma questão de técnica e prática, experiência, persistência.
Por fim, de fato, autores são doutores artistas. Essa mescla de profissão que examina o texto ao mesmo tempo que poli e dá forma.
Como um doutor, mas sendo autor, pode ir, está tudo bem, mas agora o personagem é invertido: você aperta minha mão e eu que vou saindo. Foi um prazer, conto contigo! E chame para que eu possa apresentar mais tarde meu próximo livro.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
O maior problema da vida
Sabe qual é o maior desafio para pessoas com problemas de estima? Se sentirem amadas.
Amigo, isso não pode ser lido em livros, isso não pode ser ensinado, ninguém pode te convencer que te ama. Pois para isso, a pessoa tem que sentir. O amor é algo que se transmite com gestos ínfimos. Às vezes o amor é transmitido sem gestos, apenas com o silêncio. Às vezes o olhar transmite uma paz que dá até vontade de chorar. Às vezes o não olhar também transmite uma segurança na medida em que não se olha num momento para olhar depois. São equilíbrios delicados entre duas pessoas com propensão a desestabilizar. Mas a vida é uma corda bamba, não é?
Não adianta conversar se a conversa é um contrato. Não adianta estabelecer um tempo menor do que aquele que a pessoa necessita. Não adianta sentar numa consulta de psicoterapia e vomitar tudo o que acontece na sua vida se você sai de lá e continua à margem na relação com as pessoas, e continua sem promover laços, e continua alimentando um nó na sua garganta que vez por outra derrama nos momentos mais inoportunos. Não. Adianta. E sabemos disso e continuamos fazendo tudo errado. A culpa não é mais de alguém do que é nossa. Mas e aí? Quem percebe isso tudo? Quem vai falar: vem aqui, meu amigo, eu sei que você só quer um chamego e uma companhia pro que der e vier, vai dar tudo certo, apenas confia, tá? Fica calmo, as pessoas são boas. Só precisam de um pouco mais de compreensão. Elas não querem ficar a par do que acontece. E você com esse jeitinho calmo as deixa atônitas e perplexas, e elas têm medo do que parece infinito. Calma. Você é uma raridade, e poucos reconhecem um diamante sem estar lapidado.
Não. você quer mais que palavras. Você quer um olhar terno, um abraço esclarecedor, materno, fraternal, uma palavra de apoio, um desafio, uma continuidade, um chão, uma verdade, uma certeza. Você quer saber que vai dar tudo certo.
Muitos olham pra você e o julgam calma, parada, conformada. Mal sabem a agitação que se instala aí dentro. Uma agitação ambígua. Uma agitação por vezes intensa, mas confusa, que te deixa cansada e te faz deitar em pleno dia. Ah, o Sol lá fora!
Iria fugir pra praia, escalaria uma árvore alta, e observaria o dia passando. Bons tempos em que as coisas eram certas assim. Mas fugir para a praia ainda está na lista dos afazeres. Plena segunda década de vida e ainda não fugiu pra um lugar em que se encontrasse.
Vou fugir para um lugar onde eu encontre sabedoria, plenitude e exatidão. Procuro fazer meditação, ouvir o silêncio, dormir bem, mas não. Existe um ponto em que tudo o que você precisa é o que você precisa, nada mais. Nenhum silêncio a mais, nenhum conselho a mais, nenhuma conversa a mais. Chega um ponto em que tudo o que você quer é o que você precisa, e você não sabe o que é isso. Você precisa chorar, você precisa ser ouvido de verdade, mesmo sem emitir um único som. Você precisa ser entendido de todas as formas e de todos os meios. Você precisa apenas de um olhar e de uma pergunta: "o que está acontecendo?". E de uma chance para ser socorrido.
Mas não queremos ser dramáticos. Mas estamos sendo muito pouco, então, busco apenas um olhar, uma pergunta, e um tempo, se tiver.
Amigo, isso não pode ser lido em livros, isso não pode ser ensinado, ninguém pode te convencer que te ama. Pois para isso, a pessoa tem que sentir. O amor é algo que se transmite com gestos ínfimos. Às vezes o amor é transmitido sem gestos, apenas com o silêncio. Às vezes o olhar transmite uma paz que dá até vontade de chorar. Às vezes o não olhar também transmite uma segurança na medida em que não se olha num momento para olhar depois. São equilíbrios delicados entre duas pessoas com propensão a desestabilizar. Mas a vida é uma corda bamba, não é?
Não adianta conversar se a conversa é um contrato. Não adianta estabelecer um tempo menor do que aquele que a pessoa necessita. Não adianta sentar numa consulta de psicoterapia e vomitar tudo o que acontece na sua vida se você sai de lá e continua à margem na relação com as pessoas, e continua sem promover laços, e continua alimentando um nó na sua garganta que vez por outra derrama nos momentos mais inoportunos. Não. Adianta. E sabemos disso e continuamos fazendo tudo errado. A culpa não é mais de alguém do que é nossa. Mas e aí? Quem percebe isso tudo? Quem vai falar: vem aqui, meu amigo, eu sei que você só quer um chamego e uma companhia pro que der e vier, vai dar tudo certo, apenas confia, tá? Fica calmo, as pessoas são boas. Só precisam de um pouco mais de compreensão. Elas não querem ficar a par do que acontece. E você com esse jeitinho calmo as deixa atônitas e perplexas, e elas têm medo do que parece infinito. Calma. Você é uma raridade, e poucos reconhecem um diamante sem estar lapidado.
Não. você quer mais que palavras. Você quer um olhar terno, um abraço esclarecedor, materno, fraternal, uma palavra de apoio, um desafio, uma continuidade, um chão, uma verdade, uma certeza. Você quer saber que vai dar tudo certo.
Muitos olham pra você e o julgam calma, parada, conformada. Mal sabem a agitação que se instala aí dentro. Uma agitação ambígua. Uma agitação por vezes intensa, mas confusa, que te deixa cansada e te faz deitar em pleno dia. Ah, o Sol lá fora!
Iria fugir pra praia, escalaria uma árvore alta, e observaria o dia passando. Bons tempos em que as coisas eram certas assim. Mas fugir para a praia ainda está na lista dos afazeres. Plena segunda década de vida e ainda não fugiu pra um lugar em que se encontrasse.
Vou fugir para um lugar onde eu encontre sabedoria, plenitude e exatidão. Procuro fazer meditação, ouvir o silêncio, dormir bem, mas não. Existe um ponto em que tudo o que você precisa é o que você precisa, nada mais. Nenhum silêncio a mais, nenhum conselho a mais, nenhuma conversa a mais. Chega um ponto em que tudo o que você quer é o que você precisa, e você não sabe o que é isso. Você precisa chorar, você precisa ser ouvido de verdade, mesmo sem emitir um único som. Você precisa ser entendido de todas as formas e de todos os meios. Você precisa apenas de um olhar e de uma pergunta: "o que está acontecendo?". E de uma chance para ser socorrido.
Mas não queremos ser dramáticos. Mas estamos sendo muito pouco, então, busco apenas um olhar, uma pergunta, e um tempo, se tiver.
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Multimundos
Todos os humanos precisam de carinho.
Não é à toa que a Reforma Psiquiátrica está aí. A saída para as
maiores doenças mentais não é o isolamento. Talvez o próprio isolamento é que
tenha deflagrado o dano, embora saibamos que nem sempre é desse jeito.
Somos seres realmente sociáveis, e isso me soa estranho às vezes, principalmente naquelas horas em que o que eu mais quero é um pouco de silêncio e sossego. Mas as teorias estão aí pra comprovar. Os filmes, também. Haja vista O Náufrago. O que seria dele sem o Wilson? (Embora não comprove nada efetivamente, só ilustre).
Mesmo o convívio sendo tão pesaroso às vezes, mesmo sendo um caos, pelo menos estamos juntos nisso. Pois nem caos haveria para um cara sozinho. Haveria apenas dúvidas e medo. Quando existe outra pessoa, existe o conflito, e dele emergem ideias e divergências, e o diálogo.
Tudo isso se chama vida. É uma gororoba, sabemos, mas é isso.
Apesar de querermos sempre levar vantagem em discussões, bate bocas, nem sempre estamos certos, e abrir mão dessa certeza nos faz achar que estamos abrindo mão de quem somos. Mas não é verdade. Quem somos nunca deixará de existir, pois não somos imutáveis. Nem uma pedra é imutável, e você quer ser? Cada conversa, cada discussão, nos faz poder enxergar dois mundos, e nosso universo se amplia.
Podemos depois de uma conversa sermos maior do que éramos antes dela. Por
isso, é importante se arriscar. É importante desvendar novos caminhos, almejar
novas conquistas. Somos vulneráveis às intempéries dessa estrada, mas estamos de
mãos atadas sem que isso seja uma escolha.
Nascemos incompletos, e morreremos incompletos. Daí não podermos negar a completude que cada pessoa pode sugerir para o nosso mundinho particular. Não se sabe o que há de bom em cada indivíduo até que ousemos chegar até ele.
Cada pessoa é única, infinita e incompleta ao mesmo tempo. Daí o nosso papel de tentarmos nos desvendar e ajudar os outros para que desvendem a si próprios.
Morte incerta
Estava convencida de fazer um texto.
Peguei o notebook, abri-o. Liguei e troquei de usuário para o meu.
Nada.
Apertei a tecla, mexi no mouse, apertei Esc.
Continuou me sacaneando.
Até que, enfim, pressionei o botão de desligar, mas para reiniciá-lo, que é o equivalente a apertar de leve o botão que desliga.
Nada ainda.
É engraçado como os eletrônicos podem simular vidas.
Pode haver um meio um método um caminho
Mas cara, nada é previsível.
N'outro dia, um playboy se enrolou com suas dívidas
Escorregou bonito para quem queria desfilar de salto
E tentou o suicídio.
Apertou a tecla, por fim, mas só conseguiu um mês no CTI, com direito a infecção hospitalar e tudo.
Coitado, até na hora de morrer foi miserável.
Fechei o notebook, abri, reapertei com firmeza a tecla que desliga.
E, aí sim, o safado resolveu ligar - vai entender
Mais algumas tentativas após e: voilà!
Tela aberta e texto semi pronto, só faltava transferir do abstrato para o real.
E quem falou sobre lembrar o que eu havia pensado?
O texto estava prontíssimo, introdução, corpo e conclusão,
Crônica perfeita, linha sob linha, incontestável
E apagou-se de súbito.
É, parece que minha crônica suicidou-se.
Peguei o notebook, abri-o. Liguei e troquei de usuário para o meu.
Nada.
Apertei a tecla, mexi no mouse, apertei Esc.
Continuou me sacaneando.
Até que, enfim, pressionei o botão de desligar, mas para reiniciá-lo, que é o equivalente a apertar de leve o botão que desliga.
Nada ainda.
É engraçado como os eletrônicos podem simular vidas.
Pode haver um meio um método um caminho
Mas cara, nada é previsível.
N'outro dia, um playboy se enrolou com suas dívidas
Escorregou bonito para quem queria desfilar de salto
E tentou o suicídio.
Apertou a tecla, por fim, mas só conseguiu um mês no CTI, com direito a infecção hospitalar e tudo.
Coitado, até na hora de morrer foi miserável.
Fechei o notebook, abri, reapertei com firmeza a tecla que desliga.
E, aí sim, o safado resolveu ligar - vai entender
Mais algumas tentativas após e: voilà!
Tela aberta e texto semi pronto, só faltava transferir do abstrato para o real.
E quem falou sobre lembrar o que eu havia pensado?
O texto estava prontíssimo, introdução, corpo e conclusão,
Crônica perfeita, linha sob linha, incontestável
E apagou-se de súbito.
É, parece que minha crônica suicidou-se.
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Que saibam, então
Não quero que saibam para que reconheçam
Não quero que batam palmas se antes vem as vaias
Estou consciente, como se eu visse tudo tão de perto
Que conhecesse a história
Que a própria história desconhece.
Há uma mágica indecisa
Uma mágica não concebida
Que mora nos lugares mais remotos
Nas quinas de paredes mofadas
E que não é nem será elogiada.
Então, faço o favor de recusar
Quando a oferta é simplista, rasa
E não atinge as raízes angustiantes:
Reconhecimento incompleto é inconstante.
Não sei como chegastes aqui
Mas leve uma oração contigo
E que ela se desdobre em esperança
Aos amigos e aos amigos dos amigos.
E a inviabilidade de escolha própria
Inviabiliza que você corra, só suporte
E, se encontrar suporte em algum acaso,
Rezo para que não seja apenas sorte.
Mas, se um dia, você achar
Que vale a pena instruir nossos amigos
Que saibam, então,
E então eu lavo minhas mãos.
Não quero que batam palmas se antes vem as vaias
Estou consciente, como se eu visse tudo tão de perto
Que conhecesse a história
Que a própria história desconhece.
Há uma mágica indecisa
Uma mágica não concebida
Que mora nos lugares mais remotos
Nas quinas de paredes mofadas
E que não é nem será elogiada.
Então, faço o favor de recusar
Quando a oferta é simplista, rasa
E não atinge as raízes angustiantes:
Reconhecimento incompleto é inconstante.
Não sei como chegastes aqui
Mas leve uma oração contigo
E que ela se desdobre em esperança
Aos amigos e aos amigos dos amigos.
E a inviabilidade de escolha própria
Inviabiliza que você corra, só suporte
E, se encontrar suporte em algum acaso,
Rezo para que não seja apenas sorte.
Mas, se um dia, você achar
Que vale a pena instruir nossos amigos
Que saibam, então,
E então eu lavo minhas mãos.
sábado, 5 de novembro de 2016
Sobre coisas boas da vida
"Eu não abro mão!
Nem por você nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos
Quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos"
Vou fazer um blog apenas sobre coisas boas, gostosas.
Vou fazer um blog, como uma ferramenta de felicidade, e vou compartilhar com vocês. Que tal?
Como um guia para momentos difíceis, uma luz, uma opção.
Acredito que a verdade mora dentro de cada um. A gente faz o que quiser com ela. Pode sair pra tomar um gole de cerveja com ela. Pode dar um porre. Pode comemorar com uns amigos que têm verdades gêmeas da nossa a beleza do consentimento. Isso é tão lindo!
O mundo está multicolorido, há tantas verdades e desverdades que evoluíram para o plano verdadeiro que por vezes até mentiras são aceitas por nós. Esse gradiente de cores era pra ser bom, mas chega a um ponto que sua mistura torna-se acinzentada, não fazendo combinações claras, deixando-nos atônitos. Calma aê, parça! Volte uma casa e tome um porre de novo. Kakakaka
Relaxa aí. Quantos anos você tem? Acha que pode mudar o mundo assim, impor verdades?
Eu mal sei qual é a minha e você quer mudar a do mundo?
Mas o quê verdades e um blog sobre coisas boas da vida têm a ver ?
Não sei. Parece que você deve conhecer sua verdade pra saber que porta abrir pra encontrar contentamento. Mas sei lá, é uma teoria. Não sou dona de verdades.
Vai saber.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Chuva triste.
Meu par parece não ter nome
Parece figura disforme
É muito reservada
Por vezes tímida, ou mesmo antissocial.
Se sente completa quando isolada
É quieta, calada
Tem mãos dadas com a inquietude,
Com o desconforto, e indiferença
Mas o meu par me cativa
E talvez essa seja a briga
Que esse povo não entende.
Esse meu par nunca me deixa
E quando todo mundo vai embora
Lá está ela, minha cereja.
Há mistérios que apenas ela
Consegue me fazer desvendar
Pois quando meus olhos lacrimejam
É causa de algo errado estar
Já apertou-se o nó mais que doído
E nesse aperto sonso e descabido
Meu par se manifesta, livre, solta,
E soluça, treme, cai e revigora
Meu par é o antes da aurora
A escuridão que precede e apavora
Mas esse medo não concebido
É sinal que algo vem sendo um pouco sofrido
E em algum canto, ela canta sorridente
Metendo o choro na cara da gente.
Minha companheira, não se apavore
Seja um pouco menos egoísta
Deixe que eu a controle bem mais de perto
(Juro que quase acabam as rimas)
Mas eu te clamo, tristeza, me chame
Para mais perto, conversa comigo
E em vez de berrar quando bem entende
Solte aos poucos pequenos sorrisos
Ou solte gritos curtos que eu digo:
Há quem os ouça por ter bons ouvidos.
Mas não adianta, tristeza, sua burra!
Seria mais fácil se você entendesse:
Psicoterapia, farmacologia, bioquímica,
Servem a ambos nossos interesses!
Sinta-se abraçada gentilmente
Saiba que a dor que a gente sente
É igual a sua ao ser rejeitada
Portanto desfile na passarela da amargura
Caia sobre o orgulho ferido
Passeie e estabaque-se na calçada
Para que eu lhe ofereça um ombro amigo
E todo esse orgulho ferido
Se transforme em satisfação e alegria
E você, mesmo um pouco reduzida,
Vire nuvem carregada que chove
E passe a florir de sentido a minha vida.
sábado, 15 de outubro de 2016
Dia dos Professores
Resolvi escrever aqui devido a uma data especial.
Dia 15 de Outubro - Dia dos professores.
E como eu adoro escrever, não vou perder esta oportunidade, rs
Professor: nós devemos muito a vocês.
Não deve ser fácil aguentar cinquenta alunos em uma sala de aula com um regente apenas.
Não deve ser fácil ensinar a tantas mentes diferentes, as quais captam o conteúdo de modos diferentes, e com apenas uma explicação você tentar alcançar o maior número possível de pessoas a te compreender.
Não deve ser fácil enfrentar uma classe pela primeira vez. Ah, não.
Não deve ser fácil programar uma prova, aplicá-la, gastar o seu tempo corrigindo-a, enquanto o aluno só põe o próprio nome.
Mas há o outro lado: há o aluno que não tem um bom suporte familiar, há o aluno que trabalha no outro turno e está cansado, há o aluno que, apesar de novo, já está desentendido com a vida, há os apaixonados, vixe, há ainda uma porção de coisas!
Então, querido professor, por favor entenda, que quando não damos o melhor de nós, não quer dizer que você não esteja dando o seu melhor. Entenda que você já influenciou a vida de muitas pessoas e que, apesar de o nosso país não te valorizar, o seu valor é intrínseco a sua profissão. Entenda que, mesmo quando estiver esgotado e cansado, os seus alunos precisam de você, então descanse um pouco, tire férias, viaje, mas volte, volte que sempre haverá alguns pares de olhos curiosos querendo aprender.
Nesta semana pensei sobre a importância do professor. Pensei que o aluno pode até estudar a matéria antes, pesquisar, reler, mas o conhecimento afrente daquela matéria, quem tem, é o professor, e esse conhecimento prévio auxilia na avaliação do que eu estudo agora. Principalmente na Medicina. Há muitos pormenores, muitas decisões dependem do material que você dispõe, da boa vontade de seus colegas de trabalho, então não adianta eu decorar a diretriz de Fibrilação Atrial, que nem tudo ali eu vou seguir ao pé da letra na prática. Nesse contexto, o professor entra adequando a matéria à realidade, adequando as taxas, o clearance da creatinina que, quando abaixo de 60, eu já não daria mais os novos anticoagulantes no mercado, mas varfarina, e por aí vai, sendo que na diretriz fala-se de clearance abaixo de 30 (mas nos concursos é 60). Como eu saberia isso? Apenas apanhando, na prática. Por isso, é tão importante ouvir o professor que se propõe a dar uma verdadeira aula. A aula adiciona, direciona. Você só tem que aprender a captar o que há de mais valioso em cada uma delas.
...Na minha vida, eu li alguns poemas e livros sobre professores.
Um deles foi: Uma Professora Muito Maluquinha, do nosso conhecido autor e querido Ziraldo! Ela é uma professora autêntica que ensina a seu próprio modo e burla várias regras, acaba saindo da escola e deixa um recadinho para seus alunos, que ficam extasiados com a notícia mas, ainda assim, compreendem e levam no coração a lembrança daquela querida professora maluquinha!!!
No fundo, todos somos professores, ao ensinar uma criança, dando o exemplo, ao sermos gentis, educados mesmo nas situações em que nossa paciência se esgota. Já os professores são professores duplamente! hahaha É difícil, sabemos, mas não é impossível!
Feliz dia dos professores! S2
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