quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Morte incerta

Estava convencida de fazer um texto.
Peguei o notebook, abri-o. Liguei e troquei de usuário para o meu.
Nada.
Apertei a tecla, mexi no mouse, apertei Esc.
Continuou me sacaneando.
Até que, enfim, pressionei o botão de desligar, mas para reiniciá-lo, que é o equivalente a apertar de leve o botão que desliga.
Nada ainda.
É engraçado como os eletrônicos podem simular vidas.
Pode haver um meio um método um caminho
Mas cara, nada é previsível.
N'outro dia, um playboy se enrolou com suas dívidas
Escorregou bonito para quem queria desfilar de salto
E tentou o suicídio.
Apertou a tecla, por fim, mas só conseguiu um mês no CTI, com direito a infecção hospitalar e tudo.
Coitado, até na hora de morrer foi miserável.
Fechei o notebook, abri, reapertei com firmeza a tecla que desliga.
E, aí sim, o safado resolveu ligar  - vai entender
Mais algumas tentativas após e: voilà!
Tela aberta e texto semi pronto, só faltava transferir do abstrato para o real.
E quem falou sobre lembrar o que eu havia pensado?
O texto estava prontíssimo, introdução, corpo e conclusão,
Crônica perfeita, linha sob linha, incontestável
E apagou-se de súbito.
É, parece que minha crônica suicidou-se.


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