sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

À minha irmã

É normal as pessoas citarem nomes ao final de seus textos, como forma de dedicatória a alguém querido, especial. Contudo, a minha dedicatória vem no início, no título. Vem no começo porque já começo pensando em você, e paro meus estudos para escrevê-lo, pois ao me dar conta de você, nada mais soa tão importante quanto escrever.

Minha irmã! Eu estive relembrando há pouco um episódio do final da semana passada, em que estive em casa, apesar da semana de provas iminente. 
Subi as escadas, enfiando-me no meu quarto, fugindo do mundo e das minhas obrigatoriedades, tendo visto o quão próxima estava a data da prova de estágio sobre a qual eu amontoara expectativas, e já não conseguia mais desfazer o amontoado! Como estudar para a faculdade e provas externas simultaneamente? Matérias diferentes? Pouco tempo? Cansaço? Não se pode agarrar o mundo com as mãos, mas o que se pode?

Em meio à frustração, você aparece logo na minha janela, como quem não foi informada do que está ocorrendo mas foi ver o que era. Logo você, minha pequena, olhos do mar. Insistiu à minha janela, e eu não tendo atendido, foi à minha porta: trancada. Apesar de meus instintos falarem que não, meu coração insistiu para que eu abrisse a porta, bem, olhe, sua irmã está ali! Ela dizia algo que eu não pude entender. 

Abri a porta, e lá estava ela, me olhando, uma colher em uma das mãos, equilibrando o conteúdo, e a outra mão aparando o leite condensado que escorria pelas bordas. E disse, quando a encarei: "Lígia, pega, o leite condensado vai cair!", toda preocupada. 

Por isso, escrevo este texto, para me desculpar. Como eu poderia recusar o leite condensado? Meu coração até dói com o fato. Eu não poderia ter recusado essa oferta mesmo com os dentes escovados, afinal de contas, o leite condensado estava quase escorrendo!!! 
Mas eu disse não. E minha irmã me olhou incrédula, e eu senti um ar de decepção e desentendimento ali. E nessas horas eu me pergunto se não passei dos limites e não cresci demais, demais. 

Quando eu era pequena, eu não oferecia leite condensado para o meu irmão, mas, sim, brigava pelo pote com ele, disputava para ver quem ia raspar o fundo quando minha mãe fazia bolo. Então, oras, que condições eu dou para minha irmã brincar com a criança que existe em mim? Ou, que eu pelo menos respeite a criança que ela é, e não atrapalhe o processo. 

É dicotômico. Eu fico com saudades, e se volto para casa em época de provas, chego radiante, sorrindo, mas logo fico estressada e incomunicável diante das provas. De que adianta? 

Não sei ser muito bem metade de algo: prefiro ser inteira. Talvez eu devesse ser dois inteiros de uma: uma inteiro estudante e uma inteiro irmã/ filha. Mas não sei lidar muito bem com essa troca de cenários. Me confundo com tantos sentimentos e me ausento das pequenas felicidades que, ao final das contas, me tornariam um ser humano inteiramente melhor, de modo que eu não precisasse ser duas de mim, uma só bastaria. 

Equilíbrio, amigos, esta é a palavra. Mas a palavra em si não diz nada, e os poucos vocábulos os quais detenho são insuficientes para fazer-me completa. 

Por isso, irmã, amiga, companheira, dedico cada frase, cada oração, verbo, ponto e vírgula, deste texto a você. Quero que você continue sendo essa maravilha de pessoa, bondosa, solidária, que vai atrás da gente mesmo com o leite moça escorrendo da colher. Mesmo quando estiver na universidade, se quiser estudar em uma. Eu te amo muito, muito, muito. 



...Dedico esse texto também a todas as colheres de leite condensado.

domingo, 19 de novembro de 2017

Amanhã é feriado!?

      Estou aqui presa num pensamento do qual só posso me libertar escrevendo neste pedaço de mundo.
     Domingo, e amanhã, Segunda, mais uma abrindo a semana do melhor jeito que todos gostam e admiram: com feriado! E mesmo assim, estou pilhada, pois amanhã estarei indo bem cedo de volta para a minha querida república, e assim sendo, como quase sempre, se uma parte minha vai, uma parte de mim fica, e eu não sei bem qual o meu ponto de equilíbrio nesse vai e vem desencontrado do dia a dia e das semanas.
      Uma metade minha fica com saudades, mesmo não sendo tão longe, minhas tarefas se debruçam em mim e me abraçam, e eu não sei bem se me sinto acolhida ou sufocada. Bem, um pouco dos dois.
      E esta semana também vem vindo abrir uma cascata de testes e provas que delimitam o fim de um período bem exigente da minha faculdade. Após esta linha, vem as férias, mas não sei muito bem se serão de descanso. Na verdade, férias pode representar um tempo em que se pode estudar o que quiser, com calma. E respirar com calma também.
       Só que a verdade é que eu adoro o período pós prova. Veja bem, você dá muito mais valor à sua respiração após desapertar uma gravata no pescoço, ou muito mais valor ao seu abdome após abrir um botão apertado, liberando a refeição. Uma sensação de magnitude e de infinidade. Assim mesmo é o período pós prova, que só a semana de provas pode oferecer. Após chegar ao seu limite, a libertação!!! Mas, isso só acontece se você alcança o objetivo de tirar uma boa nota, caso contrário, a gravata permanece apertada e o botão não afrouxa, e é como ter que prender um pouco mais a respiração e depois respirar melhor, mas com espanto.
      Então, é isso! Daqui a pouco estarei levantando para mais um dia de lutas. Uma boa noite a todos!


 (E uma boa semana!)



...continua

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Eu quero perder o controle e ficar assim por algum tempo. Eu quero conseguir abrir mão das minhas seguranças para que possa abraçar a infinitude de possibilidades. Eu quero acreditar que posso ser grande ao mesmo tempo que me sinto pequena e vulnerável, e mesmo assim alcançar meus objetivos. Eu quero sentir o amargo da vida mas sem que tenha que ficar com o gosto na boca, fazer disso uma propulsão para meu crescimento. Eu quero me lançar à dúvida, ao desafio, ao desconhecido, eu quero sentir-me viva. Eu quero fazer algo novo todo dia. Eu não quero ficar presa ao senso comum, eu quero ir além. Quero ser maior que a mediocridade, quero passar a linha de chagada do que eu considero ser meu esforço. Quero sentir a dúvida girar as engrenagens do conhecimento, quero o conhecimento levando à sabedoria e à segurança. Quero ser o meu melhor sem ter que ficar pensando muito nisso e discutindo meios de como chegar lá. Quero simplesmente ser, viver, sem os pressupostos que a ignorância e falta de otimismo podem tomar como obstáculos quando na verdade existem meios. Quero sentir o suor escorrer e o sorriso no rosto. Quero sentir alegria através da alegria dos outros. Quero esquecer as normas cultas de um texto rigidamente esculpido para dar lugar ao zelo com a pessoa à minha frente sem preciosismos e dúvidas impertinentes, quero acreditar na vida e quero fazer com que as pessoas enxerguem vida ao olhar em meu olhar. Eu quero ser gente e aprender a ser melhor a cada dia da minha vida.

10/5/17

Uma viagem

       Neste instante eu viajo pelo interior do Brasil, bem interior mesmo, terras colonizadas às custas de modos de persuasão para que o povo não ocupasse apenas o litoral das terras dominadas por Portugal. Agora, estou mais especificamente na cidade de Carolina, que fica no Maranhão.

    Viemos de carro, passando pela divisa com Tocantins, que é uma divisa natural, um largo rio, o qual atravessamos com uma barca que levou também nossos carros e inclusive um caminhão, à base de uma taxa que foi paga pelos proprietários dos veículos.

      A ida para o Norte do Brasil foi acompanhada a todo o tempo por pôres-do-Sol cada vez mais apreciáveis, avermelhados e alaranjados, que surgiam gradativamente mais tarde, alongando as horas do dia, uma coisa linda.

     No início, todos ainda estão meio tímidos, um pouco calejados pelo estresse que demora a se enxugar que provém do dia a dia acelerado e exigente, todos sabem que fazemos mais do que gostaríamos e nos culpamos quando não conseguimos dar o melhor de nós, mas isso não é certo. Demora, mas é este o objetivo de uma viagem: enxugar, se possível, secar a roupa da rotina. Quando dá, eita, é muito bom e você leva pra casa uma mente tranquila e um corpo renovado.

     Mas, vou te dizer: dá trabalho desestressar, você tem que ter um método danado, lembrar sempre qual é o objetivo ali, redirecionar sua mente para o foco; se relacionar da melhor maneira possível, lembrar que todos ali estiveram saturados pelo trabalho por um bom período de tempo e lembrar que algumas escorregadas dos viajantes acontecerão, mas você deve saber lidar com isso da melhor maneiro possível, visando alcançar um clima favorável a todos.

06/01/2017

Instruções para um momento de ansiedade

Eu sou ansiosa. Ou será que ESTOU?
Pra mim, é difícil delimitar quando o estar vira ser, pois quem está a tanto tempo, quem garante que um dia voltará a ser o que era?

Escrevo isto porque estou num momento bom. Minha mente está calma e tenho plena consciência dos meus pensamentos. Eu os domino, como um cavaleiro que monta o cavalo e o dá ordens.

E, neste instante de plenitude, quero dizer algumas coisas para que eu mesma leia, já que ninguém escreve pra mim, quando me sentir mal, mesmo que eu não saiba descrever muito bem esse "mal" que eu sinto, e que, por vezes, é recorrente.

- FAÇA O QUE DEVE SER FEITO!

-NÃO ADIE SUAS TAREFAS.
Esse é um ponto importante. Por vezes você acha que pequenas coisas não farão diferença, mas as pessoas percebem as coisas pequenas, então faça-as, se compete a você. Não se compare aos outros, e muito menos ao que os outros deixam de fazer. Faça sempre o seu melhor, e assim, sua vida se medirá pelo todo que você é, e não pelo mínimo que podes ser. Como já dizia o poema:

'Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.'

                                                                                                                                                                    Fernando Pessoa



-ORGANIZE-SE. Estabeleça prazos e metas a serem alcançadas. Isso será importante no futuro, daqui a semanas ou dias.

-LIGUE PARA SEUS PAIS, FALE COM ALGUÉM QUE GOSTA. CRIE VÍNCULOS AFETIVOS.

-Tente concentrar-se. A concentração potencializa MUITO as tarefas que eu faço. Com isso, meia hora já é suficiente para fazer muita coisa. Não adie, não imponha dificuldades, elas só estão na sua cabeça.

-Veja o que os outros não veem. Não enxergue a dificuldade, enxergue que, adiantando uma lição, eu poderei estar garantindo uma nota alta (nove? Dez?) na próxima avaliação.

-Faça o que tem que fazer AGORA. Não adie para mais tarde! Fazendo agora o que tem que ser feito uma hora ou outra, eu garantirei pra o futuro que, se aparecer algo muito bom pra fazer, eu não perderei porque já terei feito a minha tarefa.

-Não desanime!!!! Não deixe a peteca cair!!!! Mantenha o otimismo!!!!! Vai dar tudo certo!!!!!

-Pense: E SE MINHA MÃE ESTIVESSE AQUI? Isso muitas vezes pode me ajudar a ter um norte.

-SEJA FLEXÍVEL (às vezes). Faça um BOLO, uma sobremesa. Converse. Surpreenda as meninas!

-O mundo está para você como você está para o mundo!

-Lembre da Letícia do rosário: ela continua sendo uma ótima aluna, porque leva as coisas a sério. Faça o que tem que fazer da melhor forma possível, e mantenha um alto padrão.

-Confie em Deus!!! Reze!!! Acredite que tudo está como deveria estar, você está no lugar certo, e você será uma médica e salvará muitas vidas!!!

-AGRADEÇA, sempre!!!!

-Amém!

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Changes

          Mudanças são repentinas na vida. A verdadeira mudança não requer preparo, predisposição ou pragmatismo. Mudanças são constantemente aleatórias, tal como mutações em que o resultado pode ser benéfico, nulo ou deletério.
          A parte boa é que nunca se sabe: mudanças são esperanças também. E mesmo que esta esperança seja uma gota dentro dum barril de água, quanta coisa boa a gota pode reservar!
         Mas a gota requer sacrifícios, muitos dos quais não estamos dispostos a percorrer. A zona de conforto determina o sucesso ou fracasso de um homem, mas isso é relativo: baseia-se no PONTO DE VISTA.
           E é por isso mesmo que um pobre miserável de mente pode ser tão feliz quando um doutor em sei-lá-o-quê. Aliás, que bom! Porque isso possibilita que vejamos o mundo sob diferente óticas, e você percebe que tanto absurdo e barbaridade que se vê por aí pode ser uma simples questão de obscuridade: da mente de quem comete os absurdos, carentes de uma boa alma que lhe mostre e defina o que é o que.
Então, mudanças, ah sim.
          Mudança atrela-se a saudade. Ah, saudade essa da língua portuguesa, singular e impalpável, mas tão carente que insiste em bater nos portões de nossas vidas. A saudade permeia a vida, que tem membrana semi-permeável, e algumas vezes a vida se enche, fica túrgida, quase sofre lise, mas ela tem Pessoas Carinhosas (P.C.) que te dão apoio na hora H. E estas pessoas também se vão, somem, e você se pergunta como pode tão de repente a criatura estar ali e, no dia seguinte, não mais. Você se pergunta como pode tudo acontecer assim, tão rápido, pois você ainda está ali, parada, porém o cenário muda e as pessoas se vão. E o mundo é tão pequeno que está superpovoado, mas tão imenso que pode-se nunca mais ver alguém. Você se pergunta se as pessoas se importam com a sua vida, e você encontra a resposta: se importam. É claro que se importam.
           Ao final, o rendimento nunca é de 100%. Você vê que suas reações podem liberar energia ou você pode guardá-las para si, porém ela ocorre. Contanto, esta reação não é reversível: só produtos são formados. E você tenta crescer e adaptar-se para que tudo dê certo e cada produto seja exatamente correspondente àquilo no reagente. Às vezes você está ácido, encontra uma base e sai feliz da vida, uma pessoa com sal. Até para na esquina e vai beber uma água. É tudo tão perfeito. Mas somos todos uma máquina, e o rendimento nunca é de 100%.
         Há métodos para melhorá-lo. Boas companhias, amizades, um empurrãozinho de vez em quando. Só que tem como melhorar. Tem como reagir melhor a tudo isso. Porém o limite é desconhecido, e você se pergunta- por que não? - se você já não teria passado tal limite, contrariando todas as previsões, todas as possibilidades. Seu rendimento é de 100%.
           Mas há máquinas mais modernas, há outros modos de fazer algo, há um jeitinho aqui e ali. Não se trata de uma equação do primeiro grau. O que seria? Uma curva? Não acho. Uma elipse? Uma aula.
Sim, uma aula. Trata-se daquilo que somos feito para reconhecermos que é. Uma curva uma elipse um ponto. Uma gota, sei lá. Os obstáculos são inegáveis. Há tanto contratempo, tanta superação, tanta vontade. Há também tanto sonho que não é possível que não tenha conseguido um rendimento total. Não é. Todo o sacrifício é em prol de um recomeço. A esperança catalisa a reação e nossos produtos vêm mais depressa. No entanto, ainda busco, ainda procuro. Espero buscar corretamente, olhar os parâmetros corretos, ansiar de fato por um mundo melhor. E que este mundo possa começar, ainda que desconfortavelmente, ainda que com empurrões, apertos e solavancos, com a mudança. Pois é este mesmo o caminho para a evolução das espécies.
        Ah, saudades... como isso entra nas reações? Não faço ideia.


... texto feito por mim em Dezembro de 2013. Consegui resgatá-lo, rsrs

segunda-feira, 20 de março de 2017

Vida refrescante.

Se amar é preciso.
Sabe, eu tenho uma história de vida. Todos nós temos, é verdade, mas uns têm uma história melhor do que os outros, o que não significa que seja mais bonita. Há histórias fantásticas cujo final é um completo drama, exemplo, Romeu e Julieta. Mas não é o caso.
Tenho um orientador na Iniciação Científica que diz sempre que "se não está bom, é porque não chegou ao final". Em parte, eu concordo. Mas só em parte. O que significa que não sou uma completa pessimista, só parcial. A vantagem do pessimista é que ele está preparado para eventos adversos, e acaba sofrendo menos com isso (eu li isso uma vez em alguma revista). Mas o pessimismo crônico não é saudável.
Mas voltando ao assunto, eu não estou satisfeita. Eu quero mais. Estou triste e inconformada com o meu conformismo. Triste e inconformada com tudo que eu aceito sem dizer que "sim". Triste e inconformada com a minha falta de auto-estima que me submete a posições que não pertencem a mim. Triste e inconformada com a falta de informação sobre a maioria das coisas e com minha falta de empatia que acaba me estagnando.
Você pode achar que estar inconformada com o conformismo é controverso, mas não é. É uma luta de um só; luta que só acaba quando você vence. E enquanto você não vence, o conformismo ataca. Mas você também não perde, só luta. E, enquanto isso, você vai se julgando conformada. E se inconforma com isso, e ataca, e assim por diante.
O que menos gosto é a impressão que tenho, às vezes, de que para os estudantes de Medicina tudo tem que ser ditado. Mas eu discordo. Para mim, muitas das respostas estão na observação, no tato para as situações.  Se eu pudesse, pelo menos por alguns instantes, não perguntaria nada para os pacientes, apenas sentiria suas dores, seus sofrimentos, suas angústias, e lhes sorriria. Mas o que mais dói para mim é, por vezes, não ter o sorriso que o paciente busca, não conseguir me doar a tal ponto que a minha palavra lhe transmita, ao menos, conforto, porque algumas vezes eu busquei isso, e durante um dia inteiro, não encontrava. Desconfio que para transmitir bons sentimentos deve-se estar muito bem consigo mesmo, mas vários são os exemplos que desmentem isso. Pessoas carentes, pobres, endividadas, que supostamente deveriam estar abarrotadas de problemas e preocupação, podem carregar consigo uma carga de sabedoria que surpreende com pequenos toques de realidade misturada com força e esperança. Uma sabedoria acumulada com a vida, com o refresco de limão mais doce feito com as amarguras dos anos, que, com o tempo, já não amargam mais na boca de quem já provou de tudo.
Ainda não passei por tudo, com meus 21 anos, vivo um dia de cada vez, como meus pais ensinam, aprendendo com cada erro ou frustração. Quero trabalhar logo, mas não estou com pressa para me formar, quero aprender muito ainda, mas o tempo voa. Às vezes me pergunto se estou fazendo tudo certo, o que está faltando, se eu não deveria dar Monitoria, participar mais de ligas, me arriscar mais, conversar com outras pessoas, ir mais além. E me pergunto como. Já faço iniciação cientifica, mas quero mais. Quero reconhecimento. Quero informação. Não quero trabalhar com uma venda nos olhos. Quero ter mais de uma opção de pesquisa. Quero autonomia e liberdade, quero companheirismo. Sabe, hoje eu estava meio chateada, até que resolvi ir até ao laboratório hoje, onde pesquiso, e só de entrar ali me senti bem. É impressionante como nosso coração sente quando estamos onde devemos estar. E olha que nem bolsa ainda ganho, e mesmo assim me dá uma enorme satisfação.
Também quero meu CR melhor. Quando entrei na faculdade, nem sabia como funcionava. Agora me cobro por isso, pois infelizmente somos julgados com base nas notas, embora tantas fraudes ocorram ao redor delas. Mais uma coisa para me preocupar, mais uma cobrança. E mais uma dúvida: será que eu consigo? Até que ponto vale a pena se esforçar para ter um CR bonito no currículo? Dá pra viver ao mesmo tempo?
Espero que com tantas dúvidas eu consiga pelo menos fazer um refresco gostoso.


terça-feira, 14 de março de 2017

Medicina, poemas e educação.

Não vou mentir se eu disser que estou gostando do curso de Medicina, mas sinto falta de ler os textos que lia toda semana, querendo ou não, nas aulas de Português, na escola. Alguns, de tanto lê-los, ficaram marcados em minha memória.

Uns, tinham uma métrica bem divertida - como o poema Trem de Ferro, de Manuel Bandeira.
Outros, clássicos que todo mundo conhece - como o Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes.
Outros, me seguiam desde a infância - como Meus Oito Anos, Casimiro de Abreu.
Outros, eram tão densos que eu não esqueci desde a primeira vez que ouvi - como Mocidade e Morte, de Castro Alves.

É claro que eu posso voltar a lê-los a hora que eu desejar, mas acho insuficiente. Gostaria de ir mais a fundo, conhecer novos poemas, novos escritores e novas perspectivas para a poesia atual. Analisar a métrica, classificá-los, relacionar com o contexto da época em que foram escritos. Relembrar a vida dos autores, analisar os escritos, os cadernos, e imitá-los. Construir novas poesias.

Mas não excluo a Medicina disso tudo. Muitos autores de livros que marcaram suas épocas tinham a Medicina como graduação, pois, antigamente, os conhecimentos eram mais entrelaçados. Com o avanço da ciência em geral, a hiper especialização acaba gerando pessoas com muito conhecimento em uma pequena parte do todo, isso pode gerar frustração se ela se bitolar nesta casca.

O problema é a falha educacional no Brasil. Não somos educados direito. Somos ensinados a repetir o que ensinam que é o correto sem julgamento. Também ensinam a não pensar, e aprendemos bem rápido isso. A falha, aqui, é subestimar o poder de ação dos alunos. Além do mais, desde pequenos até na faculdade, deveria haver na grade: política, pensamento crítico, auto conhecimento, etc.

Infelizmente, esta não é a realidade e os alunos têm que caminhar sem o devido amparo, com consequências claras para o futuro do Brasil. Um futuro que já é passado e é presente.
...Mas não é presente pra ninguém.


quarta-feira, 8 de março de 2017

Perdendo a passagem

Nunca fui muito boa em ter certezas, porém, em minha incerteza, eu me bastava. Lembro quando tudo não passava de um flash, e, minha vida, em câmera lenta... infância, né, gente? Mas tem uma coisa nisso que alguns conseguem guardar dentro de si, outros, por infortúnio talvez, ou por personalidade, ou por terem amadurecido demais, ou por não saberem valorizar o que há de bom, deixam de ter.

Não sei bem explicar o que é essa coisa a qual me refiro, por isso não nomeei. Porém credito que perguntando a um bêbado jovem originalmente introvertido por quê ele bebe ele vai chegar perto da descrição disso. E então, eu o observo e chego a conclusão que talvez seja mais do que isso, não sei bem o motivo.

Conheço um homem culto e informado que luta contra sua natureza e sisma em andar descalço, de bermuda e regata, aparece assim de tempos em tempos e depois volta ao profissionalismo e seriedade de sempre. "Seriedade?", ele me questiona, "seriedade são todas as vezes que eu tiro a roupa que visto e assumo minha identidade pelo que eu sou e não pelo que tenho", ele diz, sorrindo um sorriso bobo. Acredito nele, não pelas palavras, mas pelo jeito que as professa.

Analiso o caso retratado: renunciar ao que ele tem para ser o que é, mas voltar sempre ao que era: curioso. Mas não é bem isso que estou à procura.

Não se trata de algo temporário, planejado, delimitado, mas o contrário de tudo isso, pois a liberdade a qual busco denominar, aqui, é infindável, maior que o inteiro, maior do que o conjunto, ela engloba os seus pensamentos e emoções, se torna você. Se isso fosse passível de denominação, não seria o que é. Não se captura, não se vende, muito menos se compra. Ela está nos corações, no cérebro, na sua vida ou história. Ela está arraigada em um lugar o qual deve-se chegar sem mapa.

Acredito que ícones do talento conseguiram chegar a tal lugar. Pois não adianta ter talento se ele não é descoberto e retroalimentado. Usar o talento para o que não se deve pode ser um desperdício e torna-lo menor do que vale realmente. É preciso percepção, humildade, persistência, confiança, foco, mais persistência e determinação para chegar lá, e mais, chegar bem, descansado e com a sensação de dever comprido, com sabor de flocos. É preciso chegar lá com o intuito de se alcançar, e não de alcançar a reta final. O objetivo está dentro de cada um de nós. A felicidade é de graça mas pode ser mascarada por preocupações inúteis e objetivos imprecisos de vida.

Quando eu era criança, NÃO me preocupava com: trovão, terremoto, maremoto, ventania, fogos, balão gigante, cachorro, assaltante, prova, elevador, escuridão, nota baixa, correria, horário. Não me preocupava se eu ia ganhar ou perder, contanto que estivesse fazendo o que eu gostasse. Contanto que estivesse com amigos por perto. E contanto que eu pudesse confiar em alguém.
Sabe, se uma criança é muito pouco abalável, por que nós, adultos, somos tanto? Porque perdemos a confiança nos outros? Perdeu-se aquela esperança inata que tudo independentemente de fatores externos sempre ia acabar dando certo? Por quê? É o que eu quero saber.

Não somos presos ao previsível, não estamos acorrentados em nenhum bloco de cimento denominado senso comum. as suas prioridades devem refletir as suas vontades e os ensinamentos que você acumulou até agora. Uma vez que você confie em si próprio e deixe a vida te levar, como diria Zé Pagodinho, você vai bem.

Mas, só uma observação aqui pra variar -
Eu nunca escrevo, afinal, o que eu pretendia quando resolvi escrever - (prova é que o título não confere muito com o texto.)
Bom, mas tá aí.

Au revoir!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Nossa importância

Tem gente que é implicante, não é mesmo?
Gente que só de te olhar já faz críticas, rotula
Cria uma máscara de enfeites super tortos
E não deixa que os outros transpareçam
Não deixa que os outros errem
Não dá a chance dos outros chegarem perto
Pra mostrarem quem são
Seja porque não quer
Seja porque não tem sensibilidade
Pra ver o que não é dito.


Mas, tudo bem.

Porque, vai ver,
Essas pessoas implicantes
Também não tiveram a chance
De conhecerem a si mesmos
E elas não sabem o quanto são importantes
Para segundos e terceiros
Elas não sabem, não sabem
Que apesar das inseguranças
Podem transmitir segurança
Basta um olhar olhos nos olhos
Basta um sorriso sincero.

E quando conseguem derrubar
Suas barreiras, o que fica
É nada mais do que satisfação
Vem turbinada, infamada
Acomodar seu coração
Sem que se espere, ela vai embora
Como um recado, talvez
Dê outra chance a essas pessoas
Que eu te acolho outra vez.